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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Soneto

Fiz a leitura de um soneto de Gregório de Matos, um soneto satírico que tem tudo a ver com o período em que passamos. Tanto tempo se passou desde a composição do soneto e parece que nada mudou.  Soneto do século: XVII

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa:
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa:
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa.
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Gregório de Matos. Soneto Satírico . Séc. XVII

Carepa: caspa, sujeira.
Vil: Ordinário.
Increpar: Censurar, repreender.
Garlopa: Ferramenta de marcenaria; termo usado como sinônimo de trabalho braçal.

Por: Tiago Mesquita
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